sábado, 21 de junho de 2025

tempos de guerra alheia

não reajo mais, não surto, não me indigno
é só esse estado quase frio
ausente e morno

e o que ardia separou-se de mim
como o leite talhado e o soro
como a densidade e o aguado

a guerra se aproxima e eu encolho os ombros
a guerreira abandonou as armas e está em paz
não estou cansada e nem me sinto ferida

não me arrependo e o baldio sentido
dessa latência que não é minha boia
enquanto o frenesi é intenso lá fora

a emergência angustiada do nada 
para o além do nada sem sentido 
sem forma definida já não me afeta

tenho ou não tenho culpa de apenas assistir
inerte e sem ação alguma
a urgência não é minha?

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