sexta-feira, 11 de julho de 2025

visita noturna

e por um momento me perdi no brilho
da mera miragem do passado

jamais me jogaria novamente
nem aos teus pés e muito menos aos teus olhos
vermelhos de choro e haxixe
tuas lágrimas já não comovem
e os vesgos e cegos entendem mais que tu

eu fujo apenas da maldade do homem
que nasce homem e não me entende
e ainda chorando rio-me de ti

e por eu caminhar na frente não vê
o meu caminho

agora é noite em algum lugar
onde as conchas de um mar qualquer 
que já secou
estão a cantar para uma sereia que nunca existiu

eu seria santa e casta há milênios atrás
no momento, não me cabem arquétipos
não nessa encarnação aleatória 
dentro desses carbonos reagrupados

veio me e mal soube de ti
era outro, era o pó de eras atrás
de alguém que um dia admirei 
e jaz